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Sabores e saberes: as personagens femininas em Monteiro Lobato Professora Zilda Freitas UESB/DCHL



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TEXTO 01

Sabores e saberes: as personagens femininas em Monteiro Lobato


Análise de conteúdo

1- Conteúdo em análise: Obra literária de Monteiro Lobato

2- Categoria: Sitio do Picapau Amarelo

3- Subcategoria: Personagens femininas
3.1- Dona Benta;
3.2- Tia Nastácia;
3.3- Emília;
3.4-Narizinho.

4- Conceito de Análise de conteúdo

É um conjunto de instrumentos metodológicos em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e continentes). São técnicas de análise das comunicações.




5- Análise de Comunicação: temática e léxico-vocabular

5.1-Temática:

Ex. Horóscopo de Revista
Amor Trabalho Saúde Relações Pessoais Dinheiro

5.2- Léxico-vocabular

Ex: Instalação de aparelho de DVD
Termos utilizados: stop play pause


6- Organização da Análise:

6.1- A pré-análise;
6.2- A exploração do material;
6.3- O tratamento dos resultados: inferências e interpretações.

7- Análise quantitativa: freqüência de aparição do elemento

8- Análise qualitativa: caracteriza-se pelas inferências produtivas


9- Personagem:

Aristóteles aponta, entre outras coisas, para dois aspectos essenciais:
- a personagem como reflexo da pessoa humana;
- a personagem como construção, cuja existência obedece às leis particulares que regem o texto.

10- Feminina

A problemática da identidade feminina na obra de M. Lobato possibilita olhar a mulher na sociedade brasileira do século XX e perceber o quanto esta concepção ainda está presente na mulher contemporânea.
Até o começo do século XX, informações sobre as mulheres eram obtidas, sobretudo, no espaço doméstico, através de cartas e diários, inclusive, sabe-se que muitos foram destruídos pelas próprias mulheres, geralmente casadas, para se adequarem aos padrões sócio-culturais do silêncio e quietude femininos. Com a recuperação da história oral e autobiográfica, as mulheres, entre outros grupos, passaram a ter sua história valorizada e contada não só no espaço doméstico, mas no público também.
A maioria das sociedades, inclusive a brasileira, institucionaliza o papel do homem como diferente do papel da mulher no seu discurso social. As mulheres interpretam este jogo como uma “divisão” do mundo a partir das diferenças biológicas, de tal forma que ambos os sexos detêm o poder; um, masculino, público; outro, feminino, privado, ligado ao mundo das mulheres com suas funções maternais e reprodutoras.




Personagem feminina: Dona Benta



Dona Benta Encerrabodes de Oliveira, é uma personagem da obra de Monteiro Lobato. É a vovó de Lúcia (Narizinho) e Pedrinho. Dona Benta é habitante do Sítio do Picapau Amarelo, é uma senhora bem educada e bastante informada. Bastante sábia, gosta de ensinar aos netos, várias matérias como Física, Geografia, Astronomia e História , famosa por descrever estas matérias de um jeito que todos entendam.
A escolha em colocar uma vovó como porta-voz de seus intentos educacionais trazia ar fresco a um período em que o autoritarismo masculino predominava, gerando interpretações diversas como a do escritor Marcos Rey, em um artigo que sugeria um ´matriarcado absolutista no Sítio do Picapau Amarelo, onde só as mulheres têm vez´. Rey afirmava ainda que a ausência do pai de Pedrinho e a influência das imaginações de Emília e das ponderações de Dona Benta conferiam à mulher na saga do Sítio um papel que se tivesse ´a voz grossa do macho mandão´ poria o universo lobatiano a perder.


Personagem feminina: Tia Nastácia



A extrema bondade de tia Nastácia dava-lhe, no contexto do Sítio do Picapau Amarelo, o verdadeiro ar de brasilidade. Foi pela boca de tia Nastácia que dezenas de Histórias do folclore brasileiro foram sendo narradas, com deleite, aos meninos do Sítio. Por seus lábios, personagens menosprezados do rico fabulário popular encontraram meios de chegar aos leitores mirins do Brasil, e tia Nastácia tornou-se o centro das atenções, em "Histórias de tia Nastácia" - um dos livros da série publicado em 1937.
Tia Nastácia é a personagem que representa a sabedoria popular, a sabedoria do povo.
Negra, de beiços grandes, assustada e medrosa, uma cozinheira de mão cheia. Sem os seus quitutes, a vida no Sítio não teria "sabor"... Tia Nastácia é famosa por causa de seus deliciosos bolinhos, de modo que, segundo o livro O Saci:
"... _quem comia uma vez os seus bolinhos de polvilho não podia nem sequer sentir o cheiro de bolos feitos por outras cozinheiras (...)".


Personagem feminina: Emília


Emília, na trama criada por Lobato, foi feita por Tia Nastácia para a menina Narizinho. Era muda mas, após engolir uma pílula falante do Dr. Caramujo, desatou a falar e nunca mais parou.
Emília é uma boneca de pano, recheada de macela. Narizinho faz e refaz suas sobrancelhas (segundo Reinações de Narizinho) e seus olhos, que são de retrós, que arrebentam se Emília os arregala demais. Nas histórias, ela é capaz de andar e se movimentar livremente, porém muitas vezes é tratada por Narizinho como uma boneca comum e é enfiada no bolso. Emília também é famosa por resolver casos urgentes nas aventuras da turma do Sítio. Ela é bastante esperta e possui o "faz-de-conta", uma mágica só dela, capaz de resolver problemas sérios com o auxílio da imaginação. Outra coisa bastante especial em Emília é que seus olhos de retrós podem ver várias coisas, grandes ou pequenas. Ela até enxergou uma pulga na cauda do dragão de São Jorge, na Lua! Apesar de não cometer nenhum pecado muito sério, a moral de Emília também é questionável, pois para a personagem, muitas vezes, os fins justificam os meios, mesmo que os fins não sejam também muito louváveis. Essa pode ser uma influência da moral de Pinóquio, o menino-boneco.

Personagem feminina: Narizinho

Narizinho, a menina do nariz arrebitado é Lúcia Encerrabodes de Oliveira, que mora com sua avó, Dona Benta Encerrabodes de Oliveira e com Tia Nastácia no Sítio do Picapau Amarelo. O primeiro livro em que Narizinho aparece é A Menina do Narizinho Arrebitado, mais tarde transformado no primeiro capítulo de Reinações de Narizinho, obra que reune várias estórias que já foram publicadas do autor.
Segundo Reinações de Narizinho, a menina "...tem sete anos, é morena como jambo, gosta muito de pipoca e já sabe fazer uns bolinhos de polvilho bem gostosos."
Narizinho é dona de Emília, a boneca falante, e também tem um primo que mora na cidade, o Pedrinho que vem passar as férias no sítio da avó de ambos os primos. Ela é a protagonista das primeiras histórias da série do Sítio do Pica-Pau Amarelo, papel que, ao longo das histórias, divide com Emília e Pedrinho, que juntos fazem grandes planos, travessuras e brincadeiras.
Em Reinações de Narizinho, a personagem título se casa com o Princípe Escamado, se tornando Princesa do Reino das Águas Claras.






Emília só começou a falar em 1921, ano de lançamento de Narizinho arrebitado, livro que iniciou a série de aventuras dos habitantes do Sítio. Antes disso, Lobato já havia escrito três livros de contos: Urupês, Cidades Mortas e Negrinha. É deste último livro o conto homônimo sobre uma menina que, como Narizinho, tem sua vida transformada por uma boneca.
No conto Negrinha, o cenário é uma fazenda. Esta fazenda pertence a uma velha senhora, Dona Inácia, que cria uma menina órfã, a Negrinha do título. As Reinações de Narizinho acontecem em um sítio, que pertence a outra velha senhora, Dona Benta, que cria a menina órfã e reinadora do título. Dona Benta é a mais feliz das vovós, porque vive em companhia da mais encantadora das netas - Lúcia, a menina do narizinho arrebitado, ou Narizinho como todos dizem.





Para Luckesi, “Há ludicidade nas atividades da criança e do adolescente e do adulto. São experiências lúdicas, mas tendo por base atos diferentes. O que permanece é o estado interno de alegria, de realização, de experiência plena. O ser humano se desenvolve e, com o desenvolvimento, os objetos de ludicidade vão se modificando, o que não quer dizer que um adulto não possa nem deva, um dia, experimentar novamente brinquedos de sua infância e, isso, com ludicidade.”


Zilda Freitas